Um passo para cá, dois para lá, uma agudo ali, outro grave aqui. A mocinha acorda e logo começa a cantar e sapatear no quarto. Sai alegre, passa pela cozinha, pega uma torrada com a mãe, que também está cantando, e abre a porta de casa. A rua inteira acompanha a jovem no refrão da canção. Todos no mesmo passo, em harmonia perfeita.Olhando de fora, um espetáculo musical é lindo, empolgante, tanto para quem faz, como para quem fatura. Na Broadway, local onde se concentram os maiores espetáculos em Nova York, a temporada de 2007 a 2008 garantiu quase US$ 1 bilhão. A crise pintou este ano, mas produções como "Shrek, O Musical", por exemplo, conseguiram atrair grande número de espectadores aos salões.
Alguns podem achar também que musicais são até "fáceis" de se fazer. É só chegar lá no palco e cantar sorrindo, dançar conforme o ritmo e animar a plateia. Mas na prática não é bem assim, não.
Nos últimos anos, diversos musicais foram adaptados e estrelados por grandes artistas globais aqui no Brasil. Seria injustiça afirmar que o público enche as salas por conta das carinhas conhecidas; o talento dos outros vários envolvidos é imprescindível para o sucesso da produção. Mas não se pode negar que Edson Celulari como uma dona de casa gorda e desapontada com a vida desperta a curiosidade e rende ingressos.
A questão que fica é: existe uma quantidade suficiente de artistas "completos" para encararem desafios como este? É uma das requisições do mercado. E a classe está correndo atrás. Ao contrário do que se pensa, o gênero musical é bem difícil. "Agora eu corri atrás dos anos que não estudei canto, nem dança", disse Edson após a estreia de "Hairspray", há duas semanas, no Rio de Janeiro.
"Eu não tinha preparo técnico para um musical, então tive de trabalhar triplicado", garantiu Arlete Salles, que dá vida a Velma no espetáculo do "laquê". "É uma tarefa completa. Tudo tem de estar em sincronia. O corpo de baile, a orquestra. Não é fácil", afirmou Juliana Paes, que já estrelou "Os Produtores" com direção de Miguel Falabella. A atriz é uma das muitas que hoje fazem aulas de canto como hobby, mas também para ampliar o leque de aptidões.
Ainda intrigado com a "evolução" dos atores para se tornarem "completos", o Famosidades conversou com o especialista no assunto Daniel Boaventura, Jonatas Faro, que estrela "Hairspray" como Link Larkin.
Especial: Com a palavra, quem entende da coisa
Por Nina Ramos
Jonatas Faro bem que tentou. Suou a camisa e durante algumas semanas se dividiu em três: foi o Peralta de "Malhação", o Link de "Hairspray, e o competidor da "Dança dos Famosos". Quer saber o resultado da façanha?
Bom, na novelinha global seu personagem está pronto para subir ao altar e casar com Yasmin (Mariana Rios). Ponto para Jonatas.
No palco do teatro Oi Casa Grande, o bonitão à la Elvis conquistou o coração das meninas e da crítica. Outro ponto para Jonatas.
E na grande final da disputa no "Domingão do Faustão" acabou ficando em terceiro lugar, perdendo para Leandro Hassum (2° lugar) e Paola Oliveira (1° lugar). Jonatas perdeu essa? Engano seu. Arthur Xexéo, um dos convidados do júri do dominical da Globo, fez diversos elogios ao rapaz e ainda afirmou que ele está se destacando como um dos novos e brilhantes atores de musical. Pronto, ponto para Jonatas.
A declaração fez o dedicado ator estampar um sorrisão do rosto e suar mais ainda a camisa. Afinal, ele quer isso mesmo: se firmar como um grande astro dos espetáculos cantados.
"Eu sempre quis fazer musical. Antes de saber que eu ia fazer "Hairspray", conversei com Daniel Boaventura, que já fez vários musicais, e falei: "Pô, Dani, eu quero muito fazer musical, quero demais". E ai surgiu a oportunidade. A crítica do Xexéo fez meu dia, eu fiquei muito feliz. E eu espero mesmo que mais musicais venham para o Brasil, que a gente consiga trazer essa cultura de grandes produções, para provar que podemos fazer coisas tão belas quantos eles [estrangeiros] ou se não melhores", declarou Jonatas ao Famosidades.
Parece que o país está atendendo aos pedidos do rapaz. De dez anos para cá, mais ou menos, a produção de musicais cresceu assustadoramente por aqui, e a tendência é só aumentar. O calendário cultural está atualmente atolado, e ainda tem mais coisas por vir, como "A Bela e a Fera" (de novo), "Gaiola das Loucas" (com Diogo Vilela e Falabella) e "De Pernas Pro Ar" (com Claudia Raia).
Mas será que os atores estão seguindo o exemplo de Jonatas e se esforçando para "fazer de tudo um pouco", digamos assim? "No que concerne o grau de preparo dos profissionais de musical, basta comparar o panorama atual com o de dez anos atrás. O crescimento é notável e até mesmo previsível já que o campo cresceu e o número de interessados também. Por sua vez, a concorrência exige que o cantor/ator aprimore-se cada vez mais", disse Daniel Boaventura, o veterano no assunto citado acima por Jonatas.
O cantor/ator já apareceu em produções como "My Fair Lady", "Chicago", "Vitor ou Vitoria" e "A Bela e a Fera", portanto tem grande experiência no assunto. Sobre o crescimento dos musicais no país, Daniel foi positivo e afirmou que enxerga esse movimento como uma "conseqüência natural do desenvolvimento artístico dos profissionais das artes cênicas".
"Em primeiro lugar, é mais um campo de trabalho para os profissionais das artes (atores, cantores, cenógrafos, técnicos de som, etc.). Em segundo lugar, acho uma conseqüência natural do desenvolvimento artístico dos profissionais das artes cênicas. Em outras palavras, cantores estão se preocupando mais com seu lado ator e vice-versa. Em terceiro lugar, essa 'onda' de musicais americanos não representa um empecilho para surgimento de musicais brasileiros, acho que é possível aplicarmos esse "know how" em projetos futuros", afirmou.
Edson Celulari concorda com o colega. O ator já tinha feito "A Ópera do Malandro" no cinema, mas a experiência cantada nos palcos veio em "Hairspray", com a gorda Edna. "É muito difícil mesmo fazer musical. Eu corri atrás dos anos que não estudei canto, não estudei dança. Mas o que é bacana é ver uma realização deste porte no Brasil, com essa qualidade e direção como a do Miguel, que é bem inteligente", opinou Edson.
Assim como Jonatas, Edson ralou. "Foram nove meses com a produção e mais cinco semanas antes de iniciar os ensaios gerais. Eu me preparei para essa coisa feminina, ao mesmo tempo estudei o canto, a dança. Mesmo quando você talentoso, já nasceu com jeito para cantar e dançar, você sempre tem algo para aprender", falou o ator.
Voltando a Daniel, o ator reafirmou o que Edson disse: "Eu valorizo muito o artista brasileiro que faz musical, pois ele, em geral, não teve acesso a uma escola formal de musical. Ele tem que se virar bancando por conta própria a sua formação e confiar no instinto".
Questionado se o Brasil já teria "experiência" para montar uma produção equivalente às adaptações da Broadway, Daniel disse que "sim", e se explicou. "O Brasil tem uma história teatral consolidada. Temos atores, agora temos o 'know-how', os profissionais mais capacitados e um público que se acostumou, que gosta do gênero e paga (e muito bem) para ver um espetáculo. Ou seja, é um negócio que dá dinheiro", declarou.
"Até os cantores que no início do 'boom' dos musicais eram, em sua maioria, oriundos da escola lírica, estão percebendo a importância de atuar, interpretar a música", continuou Daniel.
O Famosidades reforça a opinião do astro e ainda dá um exemplo: Graça Cunha, cantora da Banda Altas Horas, arrasa no papel que foi de Queen Latifah no filme "Hairspray". O vozeirão é garantido, e a atuação não deixou nada a desejar. Novamente: vale muito conferir!
Fonte: Msn Famosidades







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